segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Os jogadores e a madrugada em Cabul

 

Um gigante, um feiticeiro e uma pessoa inteligente entram num bar e começam a jogar um jogo de estratégia. Pergunta : quando acaba o jogo?- Resposta : 300 anos depois de os jogadores terem morrido.

Pergunta: o que é que a adivinha acima tem a ver com a situação actual em Cabul?

Para responder a isso temos de olhar para 1979 e para a invasão do Afeganistão pela União Soviética. O motivo oficial foi auxiliar o governo comunista contra os seus opositores.  O objectivo real é bem conhecido e era francamente mais ambicioso. Depois de dominar o Afeganistão, o objectivo era conquistar pelo menos uma parte do Paquistão e ter um corredor de acesso directo ao Oceano Índico. É altamente provável que o governo Indiano da época soubesse e apoiasse a pretensão soviética, deixando nas mãos dos russos a tarefa de esmagar o inimigo de sempre.

Embora o Afeganistão em 1979 seja retratado como uma terra de obscurantismo e fanatismo religioso, a verdade é que na sua maior parte essa imagem não passa de propaganda. Na generalidade quem teve a sorte de ver em arquivo programas de televisão afegãos anteriores à invasão chegou rapidamente à conclusão de que o Afeganistão de 1979 tal como o Líbano nos anos 60, era quase um país europeu moderno.

Entrou em acção o gigante. E o gigante é um país transcontinental com um imenso apetite. Um país que alberga 5% da população mundial e consome 55% dos recursos do mundo. E um gigante não pode preocupar-se apenas com a próxima refeição. Para viver tem de pensar a longo prazo.  Os estrategas do gigante elaboraram uma estratégia dentro de outra estratégia.

O objectivo de curto prazo (a máscara) era libertar o Afeganistão da tirania soviética. O objetivo de longo prazo era envenenar e mutilar de um modo permanente os rivais do gigante.

Os agentes infecCIAsos que trabalhavam para o gigante começaram a recrutar fanáticos religiosos nos países árabes e a treiná-los do mesmo modo que treinavam outros esbirros combatentes da liberdade noutros países. Mas não bastava treiná-los, despejá-los no Afeganistão e dar-lhes equipamento.  Isso só funcionaria a curto prazo. Os agentes ensinaram os novos recrutas a ganhar dinheiro com o negócio da papoila e deram-lhes os contactos para a vender. É claro que sabiam que a venda de drogas era haram e portanto interdita aos muçulmanos devotos, mas argumentaram que as drogas seriam vendidas aos infiéis e que portanto  não haveria pecado.

Passaram 10 anos. Os russos foram obrigados a partir. E nesses 10 anos o gigante tinha criado um wendigo, um monstro canibal com uma fome que não consegue ser apaziguada. Quanto mais come mais o monstro cresce, quanto mais cresce mais fome tem. Uma criatura muito semelhante ao gigante, um mini-me.

O wendigo cravou os dentes em África, na Ásia e na Europa. E depois como esperado num dia de Setembro atreveu-se a morder o gigante.  O gigante poderia ter destruído eficazmente o wendigo, mas o seu objectivo verdadeiro era fazê-lo crescer. Com a desculpa da vingança lançou os seus soldados para alimentarem a besta com o seu sangue. Entre os soldados americanos contava-se uma anedota : “ Tínhamos dez mil inimigos, matámos quinze mil, só sobram trinta mil.”

Passaram 20 anos e agora o gigante acha que o wendigo está suficientemente forte para mutilar e envenenar de um modo permanente os seus rivais, as outras potências da região.

É claro que a Rússia e a China não ficaram ociosas enquanto o gigante agia. A China para evitar problemas futuros reconheceu os taliban como o governo legítimo do Afeganistão. A Rússia optou por outra estratégia. Criou um exército em que os seus membros são tão religiosos e tão fanáticos como os taliban. Durante a campanha da Chechénia enquanto os chechenos gritavam Allahu Akbar os Spteznaz russos respondiam com brados  de “Cristo Ressuscitou!”.

 

Agora vamos assistir a mais um vendaval de hipocrisia, em que a Europa é o isco e o sacrifício.

 

O gigante já retirou tudo o que podia do Médio Oriente. Enquanto os seus rivais e os seus aliados nominais se digladiam, o gigante vai virar-se para pastos mais próximos de si.

A Venezuela e o Brasil são os próximos terrenos de caça.

E dentro dos próximos 50 anos, quando o wendigo tiver comido a juventude e a vontade de viver das pessoas em África, quando todos os que queriam sobreviver tenham fugido  para a Europa, o gigante vai oferecer-lhes a democracia e tirar tudo o que quiser.

sábado, 2 de novembro de 2019

02Novembro2019. 20H 26m.

A televisão está apagada. Os gatos dormem, cada um no seu canto. A casa está em silêncio excepto pelo ressonar do gato mais velho. Passo a mão pelo pelo do gato mais perto de mim, que se ajeita no seu sono sem acordar. Sinto-me em paz. Suponho que seja isto o Paraíso.

terça-feira, 30 de abril de 2019

Carta aberta às Mulheres



Tenho a certeza que imediatamente após apresentar esta missiva, vou ser acusado pelos FeMAR* e pelas FeAR** do duplo crime de misoginia e “mansplaining”. No entanto, há 3 coisinhas que precisamos de esclarecer.

Queridas Mulheres (miúdas, raparigas, senhoras, cidadãs, Deusas, gajas),

Ponto nº 1
PAREM !
Parem de nos tratar como se fossemos todos uma cambada de meninos. Digam-nos as coisas na cara. Imponham limites. Não tentem poupar os nossos sentimentos, nós não somos feitos de porcelana.
Se um Homem anda interessado em vocês e o interesse não é recíproco, digam-lhe claramente. Não tentem suavizar a pílula, não criem falsas esperanças, não aceitem encontros para depois os desmarcarem em cima da hora, não nos apresentem as vossas amigas encalhadas, não digam que querem proteger a amizade. Digam-nos honestamente que não se sentem atraídas por nós. Podemos ficar tristes, chorar, rir, apanhar uma bebedeira, uivar à Lua, enfiar uma cabeçada na parede, ou outras coisas igualmente estúpidas, mas no final vamos continuamos a respeitar-nos a a respeitar-vos. Os joguinhos, mesmo com boa intenção, apodrecem.nos o coração e a alma e acabamos por perder a cada dia, o respeito por nós mesmos e por vocês.

Ponto nº 2
Parem de assumir coisas. Se um gajo vos convidar para saír e beber um café, perguntem-lhe de caras se é uma saída de amigos ou um encontro com intenções sexuais e/ou amorosas e depois decidam. Não assumam que todos os convites que recebem são uma má disfarçada tentativa de vos fecundar. É por isso que tantos homens se queixam que não conseguem ter amigas mulheres.

Ponto nº 3
Arranjem uma educação política. Os direitos das mulheres são direitos humanos. O patriarcado e a misoginia são coisas más, mas... não menorizem o trabalho das activistas dos últimos 200 anos ao disparar acusações permanentemente e em todas as direcções. Se estiverem sentadas num transporte público e tiverem a vossa mala a ocupar o lugar ao vosso lado, um homem que vos peça com educação para retirarem a mala para se poder sentar é apenas uma pessoa que se quer sentar e não um "esbirro do patriarcado"


*Feministas Masculinos Activistas Radicais
** Feministas Activistas Radicais

sexta-feira, 1 de junho de 2018

OPEN LETTER TO THE MAN THAT CALLED ME A “SMUG PRICK”


 Dear Sir,
Believe it or not, I am here to help you and to broaden your mind’s horizons.
Your text (https://thirdwayman.com/articles/why-you-should-procreate-an-open-letter-to-every-smugly-childless-man/) annoyed me.
Not because of your gratuitous and bland insults. I’ve been called far worse, starting from child of a woman with loose morals that trades sex for money and ending up with parasite living in the rectal orifice of a platypus(1) so being called a smug prick, or an asshole means nothing.
Nor was I bothered by the callous and mean spirited way you wrote, not caring about the damage that your words could (and would) cause.

Nope. What bothered me were your assumptions(2)
1 -        That You know what You’re talking about.
2 -        That what you wrote is the product of your mind.
3 -        That you’re entitled to insult and belittle me and people that made the same choices that I did.

Let’s start with your first assumption.

You talk about people that at dinner parties announce that they will not having children. Guess what? We rarely announce it. Unless we are being cornered by a bunch of “Thou-Shalt-Make-Children” partisans.
Let me give you a personal example, and also teach you about the ways that some of us react to people like you.
Last time I made such an announcement I was at was supposed to be a birthday party. I was thirty seven then (I am fifty three now). I was with my girlfriend that happened to be a bit older than me (nineteen years older if you need to know). If I were the older one, probably nobody would bother making any comments, but since I wasn’t, everybody made sure to make a comment. And since we were all so civilized and sophisticated, nobody mentioned directly the age gap, but everybody and I mean e-v-e-r-y-b-o-d-y started to ask us when were we going to have children, how many did we want to have, commenting that our children would be gorgeous, that we needed to hurry before it was too late, dropping hints about hormonal therapy and fertility treatments. There was a couple there that was the worst, bludgeoning with words, telling us to hurry up, mentioning the possibility of a surrogate mother interjected with praise of their perfect children, showing everybody the pictures of their five snot nosed brats. After two hours I snapped. I coldly told everyone that I wasn’t going to have children and to stop bothering us with their advice. I am not sure if I ranted about the Club of Rome or how we as species were going to overshoot, but probably did. Everybody went silent until dessert arrived. I remember vividly the people, the light the sounds, the smells, the taste of chocolate mousse in my mouth… and then that guy looked at the mousse, turned to his wife and said : “look Marta. How lovely. It’s the same color of little João’s feces.” I almost spat the mousse and would probably do or say something that would later regret if my girlfriend - that was much  more patient and smarter than me -  didn’t ask immediately : “How interesting Marcos. And does it taste the same?” Everybody laughed.

Soon after that she left me, because she couldn’t handle the constant pressure and malice of people.

That was not my first (or last) round with the “Thou-Shalt-Make-Children” crowd. Far from it.

And it’s funny that different people, from different cities, and even different countries made the same stupid assumptions and asked the same stupid questions.

During the 80’s the question was : “ Not have any children? Are you a faggot?” By then I was a bit inexperienced so it took me a while to find out the perfect answer. “A faggot? Me? No. Say have you noticed that the guy on the corner is checking out your ass?” or “No. Why? Do you want me to f*** your ass?” or “ No, but now that you mention it, you DO have a nice ass”.
Obviously, a few times their immediate reaction was to punch me, but it was worth it.

During the first half of the 90’s the question was : “No children? Why? Do you have AIDS or something?”
After I told them that I was perfectly healthy they always asked if I was gay.
I used to look at them with a slow smile and say : “ Sorry dude, I’m a ladies man, but I can give you the phone number of a guy that will bust the cherry of your ass for free” (and I did give that phone number in two occasions).

By the late 90’s, beginning of the 21st century things took a sharp turn for the worse.
“What? No children? You must be a pedophile (or a satanic pedophile)”.
I suppose that nobody expected me to give the obvious answer. “A pedophile? Me? No. If I were a pedophile I would make sure to have a lot of children so that I could trade them with my pedophile (or satanic pedophile) friends. Wait… (horrified look, taking a step back, gasping for air) how many children do you say you have?”

Of course that not all members of the “Thou-Shalt-Make-Children” crowd are this limited.
Some, like you, talk about population winter. What you forget to say is that people like you make the population winter inevitable. You mentioned the plague and said that it killed fifty million people, half of Europe’s population at the time. What you fail to mention is that most of those victims were on urban centers, cities and villages. Crammed people always were a treat for the dissemination of disease. Tokyo alone has 9,3 million people. New York 8,7 million people, São Paulo 17 million (not counting with the people that live in the favelas, the slums). Take a look at the slums in Shanghai, Mumbai, São Paulo. Think, if you dare, about what the combined element of overpopulation and poverty will cause. And considering that we live in a finite world with finite resources, a continuously growing population implies continuously growing poverty and social tension. This inevitably leads to brutality and war.

Of course some people, like you, have faith. Glorious Human. Where others see a mouth to feed you see two hands and a mind. True. But those hands need food to be able to work and the brain needs a proper education. How will you accomplish this? How many potential Einsteins are now starving and living in abject poverty, without access to food, water, shelter, education, health care? Take a look at the poor neighborhood of your own city, of your own country. Multiply it for the world.
Some people believe that we will reach for the stars and that the excess of population will be transferred to Mars. Others believe in the rapture, others yet believe that any attempt to reduce the population growth is a sin, or that a child genius will come up and solve all our problems, completely conquer Nature and take us to a blazing future away from this world and conquering the Universe. What are these but pipe dreams? And don’t answer me that someone will think of something.

Me… I have never seen a path to Utopia that didn’t end up in a blood bath.

Now let us look at your second assumption.
The assumption that those are your own thoughts and words.
They’re not. They’re the words and thoughts of a parasitic meme/thought form that is five thousand years old and infected entire cultures. The meme of Empire.
Expansionist warrior cultures always ruled the reproductive freedom of others.
The sexual laws of the Old Testament make sure that married men could only have sex with their wives on their fertile period. If you think that I this is a lie check for yourself. http://www.jewfaq.org/sex.htm
Lo, children are an heritage of the LORD:
and the fruit of the womb is his reward.
As arrows are in the hand of a mighty man;
so are children of the youth.
Happy is the man that hath his quiver full of them:
they shall not be ashamed,
but they shall speak with the enemies in the gate

But the kingdom of Israel was far from being the only one.
In Sparta any adult citizen that was not married was forced to parade naked on the streets of the city, during the winter, shouting it´s crime. Marrying (and fulfilling the duty of impregnating one’s wife with a future Spartan warrior or warriors) was mandatory. That mindset traveled through time until our days. The first thing that an Empire state (or an Empire state wannabe) does is to use propaganda to turn the women into breeding machines. I am sure that you can come up with several examples yourself, but none is more appalling and more insidious than your own country.
Make no mistake. I have been several times to your country. I have friends in the US that are like family to me.  But as an outsider I can see things that you are too close to see.

Your whole culture, all your memes are infected with the idea that people have an obligation to have children. Do you think that I’m exaggerating? Far from it. Look at your television series. Look at Grey’s Anatomy. They killed the character that didn’t want to have children. Some of the minor characters that weren’t interested in kids ended up married to people that had children. Look at Private Practice. The character that didn’t want children ended up with a stepson and pregnant with triplets. In fact the final episodes smelled of baby barf. All the women pregnant or with children, The one that was not pregnant and was childless, endured nine months of pregnancy to give birth to a brainless child, that was used to have it’s organs removed to save the lives of other babies. He (or she) was nothing more than a bunch of spare parts. She fulfilled her patriotic duty to the Empire.
Other television series?
NCIS. Gibbs had a wife and daughter. Fulfilled his obligation. Anthony DiNozzo got Ziva David pregnant. Fulfilled his obligation. NCIS LA. Sam Hanna the prototype of the American hero has several children. Fulfilled his obligation. Granger had an affair with a North Korean spy, got her pregnant and later made his daughter defect from North Korea to the US. Fulfilled his obligation big time. Do you want more examples or those are enough? The propaganda to make children is pervasive in your culture. People end up convinced that those are their own thoughts. They’re not.
And television is supposed to be liberal.


Your third assumption.
The assumption that you have the right to insult and belittle people like me. You are not alone in that mindset. In fact a recent study shows that most people feel morally outraged by people that decide not to have children. That is why the fight for reproductive ( or non reproductive) rights is a never ending war.
But in my opinion (and correct me if I’m wrong) we are dealing with two things here. One is the idea that an individual has the duty make children.  The other is the rage that people feel against someone doesn’t just talk the talk but also walks the walk. I and many others believe that the world can’t support so many people. We believe that it is required a reduction of the number of people. We have chosen to not have children and we have the courage and integrity to implement that choice.
If it bothers you that’s your problem.

(1)    This sounds far better in English than it sounds in my native tongue
(2)    Assumption is the mother of twins, and they’re called Mistake and Failure.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Conspiranóia, elites e a guerra contra o oculto

Em Janeiro de 2017 , eu e uns alguns teimosos vamos lançar uma revista digital.
Deixo aqui um dos artigos da mesma, para vos aguçar o apetite.
Boa leitura.

Conspiranóia, elites e a guerra contra o oculto.

Existe uma crença generalizada que a elite e as suas sociedades secretas manipulam o mundo através de artes arcanas e da mais nefanda feitiçaria.
A internet está pejada de histórias de rituais satânicos , sacrifícios humanos e abuso ritual de crianças . A culpa, dizem, é da elite, dos Illluminati.
Vamos falar um pouco sobre isto.

O poder (político, económico, judiciário) sempre cortejou o poder e o ocultismo aparece na mente de muitos como um atalho para o poder. Por esse motivo duas das dez monarquias/casas reais da Europa têm um mago da corte (não, não existe como cargo oficial, mas é um cargo que existe de facto. Não acredita ? Verifique.). Qualquer pessoa com um mínimo de informação leu o relato do Waldo Vieira no qual se projectou a uma multinacional onde encontrou diversos quadros superiores a tentarem influenciar psiquicamente um alvo, bem como o texto do Paulo Coelho no qual menciona que o seu mestre tinha executado um ritual para garantir que a multinacional para a qual trabalhava ganhava um negócio avultado. O poder é promíscuo. Sabemos que as principais agências de espionagem / contra espionagem investiram milhões na investigação de fenómenos mágicos e paranormais e que a CIA dedicou anos ao estudo do yagé (ayahuasca) como ferramenta para o auxílio da visão á distância. Está tudo nos relatórios desclassificados. Também infiltraram, utilizaram e em muitos casos destruíram escolas místicas, associações fraternais e covens (entre muitas temos os casos da OTO, Golden Dawn, Argentum Astrum, Sociedade Teosófica, Discordianos, Maçonaria nas suas vertentes mística e política; AMORC ). Mais importante ainda a CIA, através dos seus operativos Anton Szandor Lavey e L. Ron Hubbard esteve na génese de duas ferramentas criadas para afastar as pessoas do oculto. A Igreja de Satã e a Cientologia.

Na verdade o “nosso amigo” L. Ron fez parte da OTO e saiu de lá com o conhecimento mágico, o dinheiro da ordem e a mulher do chefe. Chama-se a isto (goste-se ou não) um trabalho bem feito.

Agora que temos um background histórico olhemos para a situação actual. Nada mudou. As diferentes elites combatem-se entre si por todos os meios incluindo o mágico. E aqui tenho de enfatizar que não existe uma elite e sim elites, cada uma a tentar dominar as outras.

A questão que se coloca é de que a maior parte dos membros das elites não são mágicos operativos, porque isso requer vocação, disciplina, esforço, capacidade de interpretar, influenciar e criar padrões e acima de tudo requer tempo. É muito mais simples e muitas vezes mais eficaz utilizar as ferramentas da taumaturgia moderna – publicidade, propaganda positiva e negativa, manipulação dos meios de comunicação, pressão económica, difusão do medo. Raras são as ocasiões que requerem a utilização de magia. Na verdade, a última vez em que uma elite utilizou magia de um modo constante e prolongado foi durante a independência do Quénia, na qual a autoridade colonial britânica contratou feiticeiros nativos para exorcizar em massa membros dos Mau-Mau que estavam presos por um juramento mágico. E é bem conhecido também que o ramo indiano da Sociedade Teosófica trabalhou magicamente para a independência da Índia e para a destruição do Império Britânico.

Apesar da histeria de alguns meios de comunicação alternativos, as elites e as suas entourages executam bem poucos actos de magia / rituais ocultos. O que a história comprova é que, pelo contrário, as elites combatem denodadamente o oculto, criando campanhas de difamação e utilizando técnicas de manipulação psicológica e ideológica para incutir o medo nas massas.

Poderão estar a pensar que exagero. Já ouviram falar de Nadean Cool ? Nadean Cool é uma assistente de enfermagem de Wisconsin que consultou um psiquiatra para a ajudar a lidar com a sua reacção a uma situação traumática que tinha acontecido à sua filha. Durante a terapia, o psiquiatra usou hipnose e outras técnicas sugestivas para aparentemente escavar memórias enterradas de abuso que a própria Cool teria experimentado. No processo, Cool ficou convencida de que tinha reprimido lembranças de ter estado em um culto satânico, de comer bebés, de ser violada, de ter relações sexuais com animais e de ser forçada a assistir ao assassinato de um amigo seu com oito anos. Chegou a acreditar que tinha mais de 120 personalidades - crianças, adultos, anjos e até mesmo um pato – devido ao facto de ter sofrido brutais abusos sexuais e físicos na infância. O psiquiatra também a exorcizou diversas vezes, e um dos exorcismos durou cinco horas e incluiu a aspersão de água benta e gritos para Satanás deixar o seu corpo. Quando Cool se apercebeu ( e bem poucos se apercebem) de que as memórias eram falsas e de que as mesmas tinham sido plantadas pelo psiquiatra, processou-o por negligência. Após várias semanas de julgamento o caso foi resolvido por acordo e o psiquiatra pagou-lhe 2,4 milhões de dólares. É um fraco consolo para vive r o resto da vida assombrada por memórias falsas de violência, sadismo e morte.

Não é de modo algum um caso único.

Temos o caso de Beth Rutherford. Um terapeuta e conselheiro da igreja auxiliou Beth Rutherford a lembrar-se (Leia-se implantou falsas memórias) de que o seu pai, um pastor a tinha violado diversas vezes dos sete aos catorze anos, enquanto a mãe a segurava. Mais ainda, “lembrou-se” que o pai a tinha engravidado duas vezes e de ambas as vezes a tinha forçado a provocar um aborto usando um cabide de arame. Horrível, não é ? Mas totalmente falso. Como sabemos que é falso ? Um exame medico provou que Beth Rutherford na altura com 22 anos ainda era virgem e nunca tinha estado grávida. Oferece bem pouco consolo o facto de que ela processou a terapeuta e ganhou uma indemnização de um milhão de dólares. Esta mulher vai viver e morrer atormentada por memórias de coisas horríveis que não aconteceram e por ter destruído a vida a a reputação dos pais.

É arrepiante a quantidade de “especialistas” que não sabem distinguir um mantra de um dó de peito, nem um mudra de linguagem gestual e que ganham a vida a apontar o dedo a tudo o que é diferente e a gritar (literal ou metaforicamente) “bruxa”, “satanista”,” illuminati”. Quem acham que os financia?

A ignorância de tais pessoas é tão espantosamente grande que não foram capazes de reconhecer o maior ritual mágico do século XX, um ritual que mobilizou milhares de pessoas, demorou diversos dias a concluir-se e incluiu um sacrifício humano (voluntário). Esse ritual forçou um império a ouvir um pequeno homem e a agir decisivamente. Estou a falar dos factos que antecederam a independência de Timor. Vou lembrá-los para todos aqueles que eram ou demasiado novos para ter testemunhado, ou demasiado inexperientes para compreender o que se passou.

Pela primeira vez em mais de 20 anos os media ocidentais descobriram que havia uma luta de independência em Timor-Leste e que o exército indonésio estava a efectuar uma campanha de terror e extermínio. Nas semanas seguintes houve diversas acções e manifestações pró Timor em todo o mundo. Isto criou um ambiente no qual o ritual poderia ser efectuado. Primeiro começou uma campanha na rádio para que numa noite específica cada português colocasse á janela uma vela por Timor. Quem conhece um pouco sobre magia de velas consegue imaginar o poder imenso que algo tão simples gerou, multiplicado pelas dezenas (centenas) de milhar que pessoas que o fizeram. Mas isso foi só o princípio. Depois a campanha na rádio encorojou as pessoas a vestirem-se de branco por Timor numa data específica. Isso criou uma identidade de grupo, uma egrégora alimentada mais uma vez pelos largos milhares que o fizeram. Na verdade até o Diário de Notícias se vestiu de branco. Nesse dia a página da frente do jornal estava completamente em branco. Por fim houve uma campanha para realizar a maior corrente humana do mundo. Milhares de pessoas de mãos dadas por Timor, unindo Lisboa a Cascais. Nessa altura uma turista americana chegou a Portugal e juntou-se à corrente. De acordo com as testemunhas, que o relataram mais tarde à revista Visão, ao fim de pouco tempo a senhora ficou tão emocionada que caiu no chão, morta. A maior parte dos ocultistas que sabem disto acreditam que ela consciente ou inconscientemente escolher morrer ali, naquele momento. Os japoneses têm uma expressão, migawari ni tatsu. Aquele ou aquela que expia os pecados, aquele ou aquela que morre para que outros possam viver. O que vou relatar a seguir parece impossível mas está bem documentado. Minutos após a morte da senhora, Bill Clinton que era na altura o presidente dos Estados Unidos telefonou a António Guterres. Os funcionários de São Bento pediram a Bill Clinton que esperasse porque António Guterres estava na corrente humana. Um funcionário localizou Guterres e trouxe-o de volta a São Bento, para atender a chamada de Clinton. Não há um registo do que foi dito, mas António Guterres nesse momento foi o ponto focal onde se concentrou a energia do ritual. Após breves minutos de conversa entre os dois a chamada chegou ao fim e Bill Clinton ficou tão impressionado que de imediato telefonou ao seu homólogo em Jacarta e exigiu a paragem imediata dos massacres e a retirada do exército indonésio de Timor Leste. O resto é história.

Para evitar mal entendidos e evitar que algum idiota se lembre de perseguir os radialistas, convém esclarecer que os mesmos foram influenciados magicamente para lançar as campanhas que compuseram o ritual.

É isto, é este poder, esta capacidade de criar mudanças radicais no mundo que aterroriza a maior parte das elites e que as faz financiar indivíduos, “especialistas”, sites, jornais e campanhas para garantir que só o mal fica associado ao ocultismo.

A próxima vez que alguém vos disser que os ocultistas, illuminati, maçons comem criancinhas perguntem se os comunistas se tornaram vegetarianos. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

TRUMP E TRUMPISMOS

Os resultados das eleições americanas, têm sido, para a maior parte das pessoas que conheço um verdadeiro pesadelo.
As perguntas que fazem  são  :
1-      Como é que ninguém previu que isso pudesse acontecer ?
2-      Como é que os americanos votaram num porco/ xenófobo/ racista/ putanheiro/ ordinário/ machista/ criminoso/ desequilibrado/ louco/  monstro monstruosamente  monstruoso ?
As respostas são enganadoramente simples. 
1-      Ninguém previu que isso pudesse acontecer porque ninguém se deu ao trabalho de fazer duas coisas :
a)      Ver/ouvir/ler os seus discursos por inteiro em vez de usar o s programas de comédia do John Oliver e do Stephen Colbert, como fonte segura de informação política. Verdade seja dita, esses programas de comédia tinham mais informação do que o que se via na maior parte dos telejornais.
b)      Perguntar às pessoas e acima de tudo ouvi-las. Hoje em dia, em que quase todos nós temos amigos/família/conhecidos em toda a parte do mundo e em que o contacto é tão fácil como pegar no telefone não existe desculpa para não o fazer. E não estou a falar de só ouvir os nossos amigos e conhecidos. Falar com outras pessoas/classes sociais/culturas. Em vez disso os meios de comunicação e os políticos enfiaram os dedos nas orelhas e começaram a cantar ”lá-lá-lá-lá não te estou a ouvir, vai-te embora, lá-lá-lá-lá não te estou a ouvir”.
Se  tivessem feito estas duas coisas  saberiam que a vitória de Trump era não só  possível, como provável. Aperceber-se-iam também da censura constante que envolveu toda esta campanha eleitoral. No próprio dia das eleições estava a dar um programa no canal Odisseia chamado o mundo louco de Donald Trump (http://odisseia.pt/programas/o-mundo-louco-de-donald-trump/), e que mostrava um jornalista a ir assistir a um dos comícios do nosso “amigo” Donald. Mostrou uma imagem da multidão e depois ouviu-se a voz do “jornalista” a dizer que ele não tinha dito nada significativo e que se limitava a repetir 5 ou 6 chavões. Quais chavões ? O que é que ele disse ? Isto não é jornalismo.
Trumpa falou passou mais de um ano a falar claramente  dos problemas, medos e anseios dos americanos. Não vi nenhum dos media  em Portugal que mencionasse por exemplo as questões que ele colocou a respeito da dívida externa norte-americana. Estamos a falar de 19 triliões de dólares (não é engano, são mesmo 19 triliões isto é, 19 milhões de MILHÕES de dólares !)
Sim, foi muitas vezes ordinário. E depois ? Quando li a notícia acima até eu fui ordinário.
2 -           Uma percentagem significativa de eleitores estava farta de que lhes dissessem que a vida nunca esteve melhor, que nunca se tinha ganho tanto dinheiro e que o desemprego nunca esteve tão baixo, menos de 5%.
Não acredite no que vou dizer, VERIFIQUE…
Nos Estados Unidos, se a pessoa estiver desempregada para além de um determinado período de tempo, é simplesmente retirada das estatísticas. É com este género de trafulhices que se diminui a estatística do desemprego. Ainda bem que ninguém se lembrou disto por cá.
45 milhões de americanos necessitam de ajuda alimentar (food stamps). Desses 45 milhões 1,7 milhões são veteranos. Espantosamente (para mim) muitas famílias de militares no activo também necessitam de ajuda alimentar.
A National Coalition of Homeless Veterans auxilia  em média 150.000 veteranos  sem abrigo todos os anos.
Estamos a falar de quase 2 milhões de ex-militares endurecidos que estiveram em campanha na 2ª Guerra Mundial, Guerra da Coreia, Vietnam, Granada, Panamá, Líbano, Kosovo, Golfo Pérsico, Iraque, Afeganistão ou envolvidos na guerra contra as drogas na América do Sul. Começam a compreender o problema ?
Depois temos o problema da imigração ilegal. Se o problema não for resolvido rapidamente não tenho dúvida nenhuma que alguns dos empregadores dos imigrantes ilegais vão começar a ter “acidentes”. 
Mas dir-me-ão, e com toda a razão, “os pobres dos ilegais não têm culpa, são umas vítimas”. Têm toda a razão. Muitos dos que votaram no Trump concordam.
Mas respondem que muitos patrões preferem empregar um ilegal, que por não ter quaisquer direitos se sujeita a tudo, mesmo com risco da própria vida. Falaram-me de turnos de 14 a 17 horas, a demolir casas e a retirar placas de amianto, sem qualquer protecção, e a ganhar um ordenado de miséria. Que importa que ao fim de pouco tempo o ilegal morra ? Amanhã à dez outros para ocupar o seu lugar e como não passa de um estrangeiro indocumentado ninguém se vai dar ao trabalho de espremer o empregador e responsabilizá-lo por essa morte. Pior ainda, muitos empregadores denunciam os próprios trabalhadores, assim que se apercebem que a sua saúde está a piorar. Que vão morrer longe.
E então aparece o Trump, a dizer que vai expulsar os ilegais, o que levou muitos patrões a terem paroxismos de raiva e muitos desempregados a voltarem a ter esperança.
Paradoxalmente, apesar da raivinha que os pseudo liberais sentem, Donald Trump é a última esperança de muitos.  E apesar do que os media querem fazer acreditar, não foram só brancos que votaram nele.
E agora ? Agora muita gente vai ter birrinhas,
E lembram-se do que o Trump disse a respeito do muro ?
Donald Trump não é um santo. Com sorte (muita sorte) resolverá ou pelo menos diminuirá alguns dos problemas que levaram as pessoas a votar nele.
Caso contrário…

Deixo-vos as palavras dele, não o que dizem que ele disse.