Os resultados das eleições americanas, têm sido, para a
maior parte das pessoas que conheço um verdadeiro pesadelo.
As perguntas que fazem
são :
1-
Como é que ninguém previu que isso pudesse
acontecer ?
2-
Como é que os americanos votaram num porco/
xenófobo/ racista/ putanheiro/ ordinário/ machista/ criminoso/ desequilibrado/
louco/ monstro monstruosamente monstruoso ?
As respostas são enganadoramente simples.
1-
Ninguém previu que isso pudesse acontecer porque
ninguém se deu ao trabalho de fazer duas coisas :
a) Ver/ouvir/ler
os seus discursos por inteiro em vez de usar o s programas de comédia do John
Oliver e do Stephen Colbert, como fonte segura de informação política. Verdade
seja dita, esses programas de comédia tinham mais informação do que o que se
via na maior parte dos telejornais.
b) Perguntar
às pessoas e acima de tudo ouvi-las.
Hoje em dia, em que quase todos nós temos amigos/família/conhecidos em toda a
parte do mundo e em que o contacto é tão fácil como pegar no telefone não
existe desculpa para não o fazer. E não estou a falar de só ouvir os nossos
amigos e conhecidos. Falar com outras pessoas/classes sociais/culturas. Em vez
disso os meios de comunicação e os políticos enfiaram os dedos nas orelhas e
começaram a cantar ”lá-lá-lá-lá não te estou a ouvir, vai-te embora,
lá-lá-lá-lá não te estou a ouvir”.
Se tivessem
feito estas duas coisas saberiam que a
vitória de Trump era não só possível,
como provável. Aperceber-se-iam também da censura constante que envolveu toda
esta campanha eleitoral. No próprio dia das eleições estava a dar um programa
no canal Odisseia chamado o mundo louco de Donald Trump (http://odisseia.pt/programas/o-mundo-louco-de-donald-trump/),
e que mostrava um jornalista a ir assistir a um dos comícios do nosso “amigo”
Donald. Mostrou uma imagem da multidão e depois ouviu-se a voz do “jornalista”
a dizer que ele não tinha dito nada significativo e que se limitava a repetir 5
ou 6 chavões. Quais chavões ? O que é que ele disse ? Isto não é jornalismo.
Trumpa falou passou mais de um ano a falar
claramente dos problemas, medos e
anseios dos americanos. Não vi nenhum dos media
em Portugal que mencionasse por exemplo as questões que ele colocou a
respeito da dívida externa norte-americana. Estamos a falar de 19 triliões de
dólares (não é engano, são mesmo 19 triliões isto é, 19 milhões de MILHÕES de
dólares !)
Sim, foi muitas vezes ordinário. E depois ? Quando li
a notícia acima até eu fui ordinário.
2 - Uma
percentagem significativa de eleitores estava farta de que lhes dissessem que a
vida nunca esteve melhor, que nunca se tinha ganho tanto dinheiro e que o
desemprego nunca esteve tão baixo, menos de 5%.
Não acredite no que vou
dizer, VERIFIQUE…
Nos Estados Unidos, se a pessoa estiver desempregada para
além de um determinado período de tempo, é simplesmente retirada das
estatísticas. É com este género de trafulhices que se diminui a estatística do
desemprego. Ainda bem que ninguém se lembrou disto por cá.
45 milhões de americanos necessitam de ajuda alimentar (food
stamps). Desses 45 milhões 1,7 milhões são veteranos. Espantosamente (para mim)
muitas famílias de militares no activo também necessitam de ajuda alimentar.
A National Coalition of Homeless Veterans auxilia em média 150.000 veteranos sem abrigo todos os anos.
Estamos a falar de quase 2 milhões de ex-militares
endurecidos que estiveram em campanha na 2ª Guerra Mundial, Guerra da Coreia,
Vietnam, Granada, Panamá, Líbano, Kosovo, Golfo Pérsico, Iraque, Afeganistão ou
envolvidos na guerra contra as drogas na América do Sul. Começam a compreender
o problema ?
Depois temos o problema da imigração ilegal. Se o problema
não for resolvido rapidamente não tenho dúvida nenhuma que alguns dos
empregadores dos imigrantes ilegais vão começar a ter “acidentes”.
Mas dir-me-ão, e com toda a razão, “os pobres dos ilegais
não têm culpa, são umas vítimas”. Têm toda a razão. Muitos dos que votaram no
Trump concordam.
Mas respondem que muitos patrões preferem empregar um
ilegal, que por não ter quaisquer direitos se sujeita a tudo, mesmo com risco
da própria vida. Falaram-me de turnos de 14 a 17 horas, a demolir casas e a
retirar placas de amianto, sem qualquer protecção, e a ganhar um ordenado de
miséria. Que importa que ao fim de pouco tempo o ilegal morra ? Amanhã à dez
outros para ocupar o seu lugar e como não passa de um estrangeiro indocumentado
ninguém se vai dar ao trabalho de espremer o empregador e responsabilizá-lo por
essa morte. Pior ainda, muitos empregadores denunciam os próprios
trabalhadores, assim que se apercebem que a sua saúde está a piorar. Que vão
morrer longe.
E então aparece o Trump, a dizer que vai expulsar os ilegais,
o que levou muitos patrões a terem paroxismos de raiva e muitos desempregados a
voltarem a ter esperança.
Paradoxalmente, apesar da raivinha que os pseudo liberais
sentem, Donald Trump é a última esperança de muitos. E apesar do que os media querem fazer
acreditar, não foram só brancos que votaram nele.
E agora ? Agora muita gente vai ter birrinhas,
E lembram-se do que o Trump disse a respeito do muro ?
Donald Trump não é um santo. Com sorte (muita sorte)
resolverá ou pelo menos diminuirá alguns dos problemas que levaram as pessoas a
votar nele.
Caso contrário…
Deixo-vos as palavras dele, não o que dizem que ele disse.