quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Meditação

Ouvi e li nos últimos tempos demasiadas pessoas a bramir contra a meditação. Argumentam que nos torna apáticos, passivos e (Ó Suprema Aberração !!!) contentes. Como tal (segundo esses "especialistas") para ter uma vida activa, saudável e equilibrada a meditação deve ser evitada.

Não tenho nada contra a ignorância, pois todos nós somos ignorantes em muitas coisas, mas a ignorância militante e atrevida (apanágio de pessoas que não têm nem querem ter qualquer experiência daquilo que comentam) é totalmente absurda e deve ser combatida.

"A meditação serve para parar a mente, para permitir que os outros nos imponham mais e mais a sua vontade"
Isto é estúpido.

Primeiro que tudo existem diversas formas de meditação e nem todas se focam em parar a mente.
Segundo, e isto é importante, esse tipo de meditação que parece assustar tanto algumas pessoas é salutar.
Porquê ?
Para explicar, vou usar um exemplo com o qual a maior parte das pessoas que leêm blogues estão familiarizados.
Olhe para o seu computador. Quando veio novinho em folha para as suas mãos e começou a trabalhar com ele era extremamente rápido. Se for como a maior parte das pessoas notou que após alguns meses de uso o seu computador começa a ficar lento e a tornar-se difícil trabalhar com ele.
Foi então que alguém o/a aconselhou a fazer a desfragmentação do disco, a limpar o lixo informático e a correr um programa para limpar spyware e malware.
Se foi muito descuidado/a é até provável que o seu computador tenha apanhado alguns vírus.
Portanto, passou as horas seguintes a limpar e a desfragmentar o computador. Depois teve de o reiniciar.
E o seu computador parecia novo outra vez.
Se for uma pessoa cuidadosa, criou o hábito de fazer uma manutenção regular, pelo menos uma vez por semana. Se não... passado pouco tempo o seu computador vai parecer outra vez uma lata de lixo em câmara lenta. E pode até deixar de funcionar.

A meditação do vazio (ou do silêncio interior, ou parar a mente, ou outra coisa qualquer, consoante as escolas) funciona exactamente segundo o mesmo princípio.

Ao começar a aprender essa forma de meditação, a mente faz tudo menos ficar em silêncio. Imagens, sons, memórias, sensações, lixo emocional e sensorial, tudo surge como um tsunami. As primeiras sessões podem ser exaustivas.
Muitas pessoas desistem na primeiras semana. Mas ninguém consegue silenciar a mente, mesmo que por poucos segundos sem uma prática regular e continuada durante pelo menos seis meses. Esses primeiros meses funcionam como se o cérebro corresse um programa de limpeza. Paralelamente e por norma aumenta também a capacidade de concentração do meditador.

Mesmo a dormir o cérebro trabalha, sonha. Quando se chega ao estádio em que a mente consegue ficar em silêncio o cérebro pode enfim repousar. Quem experimentou conhece a profunda sensação de descanso que acompanha o final da meditação do vazio.

A meditação não vai criar magicamente soluções para problemas, mas ajuda a perspectivá-los e permite abordá-los com mais calma e com mais eficiência. Ajuda a desconectar de tudo aquilo que não é importante. Esse desconectar facilita que a pessoa esteja menos stressada com detalhes e pormenores normalmente irrisórios. Uma pessoa menos stressada tem mais motivos para estar contente e está mais centrada.

Parece-me uma boa maneira de ter uma vida mais saudável, activa e equilibrada.

sábado, 25 de setembro de 2010

Dueto das flores

Este dueto (dueto das flores - ópera Lakmé da autoria de Delibes) é talvez a coisa mais bela que se pode ouvir.

Permitam-me partilhar um pedacinho do Céu.
O vídeo é cortesia de napat14 http://www.youtube.com/user/napat14


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Druidas modernos

Quando uso a palavra druida as pessoas com mais de 30 anos têm a tendência de responder de imediato com a palavra Panoramix e de se rirem alarvemente.

O druida Panoramix nas velhinhas histórias do Astérix é na verdade um personagem delicioso e duvido muito que se risse de forma alarve.

Porque a verdade é que quando uso a palavra druida não me refiro a nada imaginário ou arcaico. Não. Refiro-me a pessoas vivas, a movimentos vibrantes de vida e paixão. Pessoas a cujas palavras convém prestar atenção.

Refiro-me a pessoas como John Michael Greer,(cujo blog - The ArchDruid Report é um exemplo de bom senso e inteligência) e Isaac Bonewits (recentemente falecido e que criou o mais eficaz sistema para avaliação da periculosidade de cultos que já vi).

Sei muito pouco a respeito de druidismo, mas orgulho-me de saber um pouco a respeito de pessoas e estes dois (entre outros) são exemplos a seguir.

E se virem alguém a rir-se alarvemente com a ideia de druidas modernos, digam-lhe(s)para parar de ser ignorante(s) e ler o que estes homens têm a dizer

Outono

Ontem foi a 1ª noite de Outono.
Lua Cheia.
Chovia.


Quando  acabei as minhas tarefas sentei-me e fiquei no escuro a ouvir a chuva por algum tempo.

Sentia-me bem.


E durante alguns minutos tive uma pena profunda de todas as pessoas que não eram eu.